Máxima VI

Não existência! Esta é a única certeza, em termos físicos, que temos da Morte. O que, quer queiramos quer não, é também a única certeza do que fomos antes do nascimento. Essa mesma não existência está ainda representada no nosso passado (ver Máxima V).
Assim sendo, e tendo em conta que já vivemos directamente, (através da sua representação no passado), esta experiência do não-ser, e isso não nos afectou, a morte deverá ser vista, simplesmente, do mesmo modo.


«...é incontestavelmente certo que o não-ser após a morte não pode ser diferente daquele anterior ao nascimento, e portanto também não é lastimável. Um infinidade inteira fluiu, quando ainda não éramos: mas isso não nos aflige de modo algum.» Schopenhauer, Artur, Ǖber Den Tod Und Sein Verhältniss Zur Unzerstorbarteit Unsers Wesens An Sich

Máxima V


A
morte é a consequência de uma das características do tempo, o qual: possibilita, revela e destrói.
Essa destruição é constante, na medida em que, tudo o que pertence ao tempo é destruído pela sucessão de cada instante. Deste modo, a morte, mesmo não nos sendo apresentada como uma realidade, apresenta-nos representações de si. A melhor maneira de encará-las é destacando aquilo que pode ser proveitoso nelas1.



1A melhor forma de encarar está referida nas máximas anteriores quando se fala do passado. O passado é o momento já destruído, i. é, é no passado que a representação da morte se encontra.

Máxima IV


Nunca esquecer que o tempo só faz sentido enquanto perspectiva pessoal, apenas compreendido pelo entendimento humano, i. é, só se pode definir tempo na medida em que ele é inteligível. E, é assim que apercebemo-nos que ele tem um princípio e um fim, mesmo que não consigamos integrar na nossa vida1.

Do princípio não falo, pois se aqui estamos é porque ele já aconteceu, e, como tal, em nada nos afecta. Quanto ao fim é necessário que não se viva em função dele, pois ele não nos pertence, nem nunca nos pertencerá.

«A morte não é nada para nós, pois, quando existimos, não existe a morte, e quando existe a morte, não existimos mais.» Epicuro



1O início e o fim da vida, o nascimento e a morte, são momentos que não conseguimos conhecer por experência própria, ou seja, apenas na vida de outrém podemos vivenciar tal acontecimento, logo é um facto que não conseguimos integrar na nossa vida.

Máxima III


Acima de tudo viver o presente, não deixando que, tanto o passado como o futuro, o influenciem. Para tal é preciso ver no passado a imutabilidade, e no futuro a consequência do presente.



«uma filosofia mais séria faz com que justamente a busca do passado seja sempre inútil, e a preocupação com o futuro o seja com frequência, de modo que somente o presente constitui o cenário da nossa felicidade, mesmo se a qualquer momento vier a se transformar em passado e, então, se tornar tão indiferente como se nunca tivesse existido» Schopenhauer, Artur, 1788-1860, Die Kunst, Glücklich Zu Sein.

Máxima II


Aceitar o que já aconteceu e não lamentá-lo nem glorificá-lo
, no entanto, ter em conta tudo, para ter controlo sobre o que poderá acontecer.

Máxima I


Não olhar para o passado como um mundo de possibilidades, mas antes para o futuro.